Vendas de combustíveis no Brasil retomariam crescimento este ano

 quinta, 20 de maio 2021

Vendas de combustíveis no Brasil retomariam crescimento este ano

As vendas de combustíveis no Brasil retomarão seu crescimento este ano e, no próximo, projetam a agência federal de pesquisa em energia, EPE.

Os aumentos mais pronunciados, de 26% para 4,48 milhões de metros cúbicos (Mm3) em 2021 e de 38% para 6,19Mm3 em 2022, serão vistos no mercado de combustíveis de aviação, o mais afetado pela pandemia de COVID-19. Durante o 1T21, as vendas foram 38% menores do que o 1T20 e espera-se uma redução adicional em abril e maio, que se recuperariam para níveis pré-pandêmicos no 2T22.

As vendas de diesel no primeiro trimestre aumentaram 5,2% em termos anuais, mas a colheita recorde de grãos planejada para este ano deve impulsionar o consumo, com um aumento de 4,2% nas vendas em 2021 e 2,2% em 2022, para 59,9M3 e 61,2 Mm3, respectivamente.

As vendas da gasolina C caíram 2,1% ano a ano. Espera-se uma recuperação lenta e gradual do consumo, que atingiria níveis pré-pandêmicos apenas no 2S21, com aumentos nas vendas de 3,4% em 2021 para um total de 37,1Mm3 e de 0,6% em 2022 para 37,3M3.

Enquanto isso, a comercialização do etanol hidratado contraiu 3,1%, mas espera-se que o início da safra de cana-de-açúcar e a expansão do etanol de milho sustentem uma recuperação nas vendas, que deve diminuir 5% em 2021 para 18,8Mm3 e aumentar 9,3% em 2022 para 20,5Mm3.

As vendas de gás liquefeito de petróleo mantiveram um desempenho sólido, já que medidas de distanciamento social e ajuda de emergência impulsionaram a culinária em casa. As transações foram 0,1% maiores do que no mesmo período de 2020 e estima-se que elas expandam 0,4% em 2021 para 13,7M3 e 1,1% em 2022 para 13,8M3.

“Tudo isso [o crescimento projetado] está ligado ao processo de vacinação e à recuperação do PIB do Brasil, ao qual nosso desempenho está intimamente ligado”, disse Paulo Miranda Soares, presidente da associação de combustíveis e lubrificantes da Fecombustíveis, em entrevista recente à BNamericas.

Marcus D’Élia, sócio da Leggio Consultoria, destacou que as projeções da EPE em relação ao diesel, gasolina, GLP e etanol estão alinhadas com as da Leggio, com diferenças abaixo de 5%, com exceção do combustível de aeronaves, que é aproximadamente 30% acima das estimativas da consultoria.

“Não acreditamos em uma retomada tão rápida do transporte aéreo. Nossas projeções preveem que as vendas de combustível para aeronaves só chegarão a 6,2Mm3 até 2024”, disse ele.

Sergio Araújo, presidente executivo da Associação Brasileira de Importadores de combustíveis Abicom, disse à BNamericas que também espera que o consumo de combustível cresça este ano e no próximo.

“Como não se prevê um crescimento substancial da produção interna, o aumento da demanda será necessariamente coberto com produtos importados”, disse ele.

MISTURA DE ETANOL

Na semana passada, a Fecombustíveis pediu ao Ministério de Minas e Energia (MME) que reduzisse o teor de etanol obrigatório na gasolina de 27% para 18%, alegando que a menor produção de combustíveis causou aumentos de preços.

A diminuição da produção reflete a falta de chuva, que afetou a colheita da cana-de-açúcar.

A Fecombustíveis disse que o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras acumula alta de cerca de 40% neste ano, enquanto o preço do etanol anidro subiu 37,5%, para R$ 3,31 por litro.

“Cada ponto percentual corresponde a cerca de 280 milhões de litros (Ml). Então, se o governo reduzir um pouco a mistura, aliviaria a produção de etanol hidratado”, disse Soares.

COMBUSTÍVEIS DO FUTURO

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) formalizou a criação de uma mesa de trabalho interministerial que definirá as políticas brasileiras de biocombustíveis para os mercados automotivo (ciclo otto e diesel), marítimo e aeronáutico no âmbito do programa “combustíveis do futuro”. A decisão foi publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial.

O objetivo é propor medidas para aumentar o uso de combustíveis sustentáveis de baixo carbono, bem como a tecnologia veicular nacional para descarbonizar a matriz energética do transporte.

Entre as iniciativas estão estudos para avaliação de tecnologias de células a combustível; criação de corredores verdes para o fornecimento de veículos pesados de biometano, gás natural liquefeito, gás natural e outros; além das condições técnicas e econômicas para produzir etanol de segunda geração em larga escala.

Também foi aprovado um prazo de 60 dias para que o MME apresentasse ao CNPE propostas para a criação do programa nacional de hidrogênio, projetado para o país se tornar um fornecedor de hidrogênio.

FINANCIAMENTO

O programa de combustíveis do futuro está alinhado com o programa RenovaBio do MME, focado no desenvolvimento da indústria de biocombustíveis, que recentemente alcançou um novo marco.

No dia 12 de maio, o banco de desenvolvimento BNDES aprovou a primeira linha de crédito RenovaBio, por R$ 100 milhões, para a usina de etanol Santa Adélia, no estado de São Paulo.

Os recursos vão apoiar os esforços da empresa para melhorar sua eficiência e, se o programa for bem-sucedido, o BNDES o subsidiará com reduções de custos de crédito. Se a Santa Adélia for desclassificada do programa RenovaBio, o pagamento aumentará.

Um porta-voz do BNDES disse ao BNamericas que todos os projetos de biocombustíveis que atendam aos critérios de risco de crédito do banco são elegíveis para financiamento.

“O BNDES tem condições mais competitivas para o biogás, mas projetos relacionados a qualquer tipo de combustível podem ser financiados”, acrescentou, observando também que o banco está em negociações com outras empresas.

DISSA VERDE

Também relacionado ao RenovaBio, em 13 de maio o regulador da ANP aprovou as especificações para o diesel verde.

O diesel verde é um combustível renovável para motores de combustão do ciclo do diesel feito de matérias-primas renováveis, como gorduras vegetais e animais, cana-de-açúcar, etanol e outros.

A aprovação coloca o Brasil na lista de produtores internacionais de combustíveis avançados, incluindo Estados Unidos, Itália, Finlândia, Cingapura, Suécia, Espanha, China e França.

No Brasil, a regulamentação do diesel verde também pode permitir a produção e comercialização de bioquerosene de aviação.

Fonte: Agro

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