Regras para liberar venda direta de etanol devem ser publicadas na próxima semana, diz ministro

 quinta, 29 de abril 2021

Regras para liberar venda direta de etanol devem ser publicadas na próxima semana, diz ministro

A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) está preparando a resolução que irá regulamentar a venda direta de etanol hidratado e deve publicá-la na próxima semana, de acordo com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em entrevista à rádio bandeirantes, nesta quarta (28).

A expectativa foi confirmada em nota, pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

A regulamentação terá o objetivo de colocar em prática resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovada em 2020.

De acordo com o ministro Bento Albuquerque, a medida será editada para "evitar fraudes, evitar desvios, [de forma que] o consumidor possa, efetivamente, ser beneficiado com a venda direta do etanol. Com isso, esperamos ter melhores preços para os nossos consumidores", disse.

Entre as questões que precisam ser definidas para liberar a venda direta entre usineiros e postos de gasolina estão a tributação e o controle de qualidade.

A regulação do setor de combustíveis, na ANP, e a legislação tributária levam em consideração que a venda de etanol hidratado, obrigatoriamente, passa pelo elo da distribuição. Portanto, parte dos impostos são cobrados das usinas e parte, das distribuidoras.

Para resolver este ponto, a solução apresentada pela ANP é a criação do chamado distribuidor vinculado, isto é, distribuidora controlada pelos usineiros, com exigências simplificadas, mas autorizada apenas a comercializar o etanol hidratado das usinas vinculadas.

Congresso cogita derrubar proibição na ANP

No Congresso Nacional tramita também um projeto de decreto legislativo que libera a venda direta de etanol hidratado entre usinas e postos de combustíveis.

De autoria do senador Otto Alencar (PSD/BA), o PDC 978/2018 recebeu parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara na semana passada., mas acabou não votado por intervenção da base do governo, que pediu vistas do projeto, interrompendo sua tramitação.

Os parlamentares agora negociam com o governo uma saída legal para a questão da tributação.

O projeto --- que estava estacionado desde o final de 2019 --- susta as resoluções da ANP que atualmente vedam este tipo de comercialização e já foi aprovado por senadores e também pela Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara.

Contudo, um PDC pode apenas sustar regulamentações, não propor uma nova regra tributária, neste caso.

O texto tem apoio de associações ligadas ao setor sucroenergético, especialmente do Nordeste, mas desperta preocupação em entidades do setor de distribuição, por não prever uma solução para a questão tributária do etanol.

Com receio da aprovação do PDC, em março, o IBP e a Brasilcom (associações que representam distribuidoras de combustíveis) cobraram da ANP a regulamentação da criação do distribuidor vinculado para dar segurança regulatória à venda direta.

"Considerando os recentes pronunciamentos dos Poderes Executivo e Legislativo referente à liberação da venda direta de etanol, e notícias que apontam a intenção de fazê-lo através de Projetos de Decreto Legislativo que sustam o art. 6º da Resolução ANP nº 43/2009, reforçamos o entendimento de que a ANP é o órgão competente para deliberar sobre o assunto", diz um ofício enviado no final de março ao diretor-geral da agência.

Fonte: EPBR