Projeto para tentar frear alta dos combustíveis deve reduzir apenas impostos sobre diesel, diz Lira

 terça, 01 de fevereiro 2022

Projeto para tentar frear alta dos combustíveis deve reduzir apenas impostos sobre diesel, diz Lira

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda-feira (31) que a proposta elaborada pelo governo para tentar frear a alta dos combustíveis deve afetar apenas a tributação do óleo diesel.

Lira se reuniu nesta segunda com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na saída, disse que o projeto a ser enviado ao Congresso pelo governo permitirá apenas reduzir tributos federais sobre o diesel. Estaria descartada, portanto, a redução de impostos sobre gasolina e álcool – e o governo ainda avalia alguma medida com relação ao gás de cozinha.

"Está afastada a possibilidade do fundo [de estabilização], né. E na questão da gasolina e do álcool, aparentemente, também. Então vai focar no óleo diesel. Vamos ver que medida se toma também para o gás, porque é importantíssimo", disse.
Ao longo das últimas semanas, o governo chegou a esboçar um fundo de estabilização para o preço dos combustíveis. A ideia era usar parte da arrecadação federal com os royalties do petróleo para amenizar o impacto da alta do petróleo nas importadoras – e, com isso, evitar o repasse às bombas.

Nesta segunda, Lira afirmou que o fundo não será mais criado. O blog da jornalista Ana Flor no g1 já havia antecipado a avaliação do Executivo de que o governo não teria recursos suficientes para amenizar a alta do dólar e do petróleo nos próximos meses.

Outra medida que chegou a ser aventada pelo Planalto foi a redução do ICMS, tributo cobrado pelos estados sobre os combustíveis. Porém, segundo Lira, agora a construção da proposta envolve apenas tributos federais.

“A nossa conversa aqui [com Paulo Guedes] basicamente foi a nível de impostos federais”, disse Lira. “Aqui as discussões [se concentram] de maneira bem ampla nos impostos federais, do que o governo pode fazer”, complementou.

Renúncia fiscal sem compensação
O custo da medida aos cofres públicos é estimado em R$ 18 bilhões por ano. Porém, a redução dos tributos federais sobre o diesel não deve vir acompanhada de uma compensação exigida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – seja a elevação de outros impostos ou o corte de outra despesa do governo federal.

Para evitar descumprir a LRF, o governo deve reduzir os tributos sobre o diesel de forma temporária – a exigência legal se aplica apenas às despesas permanentes.

Com a desidratação do projeto para aliviar a alta dos combustíveis, o governo deve enviar a proposta ao Congresso por meio de um projeto de lei complementar – e não mais uma proposta de Emenda à Constituição (PEC), conforme o previsto anteriormente.

Refis do Simples
Ainda, o presidente da Câmara afirmou que o Congresso deve derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro que impediu a criação do programa para renegociação de dívidas tributárias de microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e empresas de pequeno porte enquadrados no Simples Nacional.

Quando sancionou o projeto aprovado pelo Congresso no início de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro vetou integralmente o programa de renegociação de dívidas.

A justificativa para o veto, publicada no “Diário Oficial da União”, foi que a lei instituiria um benefício fiscal com renúncia de receitas sem estabelecer uma compensação.

“Ninguém queria o veto. A Economia não queria o veto, a AGU [Advocacia-Geral da União] não queria o veto, o Executivo não queria o veto. Questões técnicas levaram a isso”, afirmou Lira. “Ou se encontra uma solução, ou, claro, o veto será derrubado”.

Fonte: G1