Preço do diesel deve se manter em alta em 2022

 quarta, 17 de agosto 2022

Preço do diesel deve se manter em alta em 2022

Os preços do diesel podem voltar a subir até o fim deste ano, segundo especialistas. A diferença entre as cotações do petróleo cru e dos derivados, conhecida pela expressão em inglês “crack spread”, cresceu em 2022, o que levou a um aumento dos preços dos combustíveis aos consumidores finais.

O cenário é um reflexo da guerra na Ucrânia, que restringiu as exportações russas, combinada com a redução da capacidade de refino global e com o aumento da demanda depois das restrições mais severas para combater a pandemia.

Para o gerente de preços do petróleo e perspectivas regionais da S&P Global Commodity Insights, Lenny Rodriguez, no caso do diesel, o “crack spread” pode voltar ainda em 2022 ao patamar de US$ 70 por barril, nível alcançado no primeiro semestre do ano. No momento, essa cotação está próxima aos US$ 35 por barril.

“Esses valores vão seguir relativamente altos provavelmente até o próximo ano. Os estoques em todas as regiões importantes, como Estados Unidos, Cingapura e Amsterdã, estão muito baixos”, disse Rodriguez.

Segundo o especialista, esse cenário levou a um aumento das margens no setor de refino, o que pode seguir pelos próximos três anos. Como consequência, a S&P Global estima que os investimentos em refino vão crescer. A previsão é que, entre 2021 e 2025, a capacidade global de refino tenha uma adição de 3,1 milhões de barris por dia de processamento.

Em apresentação ontem no Rio, Rodriguez mostrou que nesse cenário o nível de utilização das refinarias brasileiras está alto. Segundo ele, o consumo de diesel no Brasil está “resiliente”.

“Existe estímulo para produzir o máximo possível [nas refinarias brasileiras], dado o alto custo das importações e o crescimento da demanda”, afirmou.

Essas variáveis, no entanto, podem não ser suficientes para atrair investimentos para o refino brasileiro. O estrategista de downstream (refino) da consultoria para a América Latina, Felipe Perez, afirmou que cerca de metade dos custos operacionais de uma refinaria corresponde aos custos de energia, o que reduz a competitividade desses investimentos no Brasil, por exemplo.

Por causa dos baixos investimentos nesse setor nos últimos anos, a dependência brasileira das exportações aumentou. Atualmente, o país depende de importações para atender de 20% a 30% da demanda nacional por diesel, segundo Rodriguez. Para ler esta notícia, clique aqui.

Fonte: Valor Econômico