Mesmo sem acordo, Câmara pode votar hoje texto da reforma do Imposto de Renda

 quarta, 11 de agosto 2021

Mesmo sem acordo, Câmara pode votar hoje texto da reforma do Imposto de Renda

Para aplacar as resistências dos Estados e municípios, o relator da proposta de reforma do Imposto de Renda, deputado Celso Sabino (PSDB-BA), acenou com a possibilidade de reduzir no seu parecer a alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), um imposto cobrado pelo governo federal.

Segundo apurou o Estadão, representantes dos Estados e dos municípios não chegaram a um acordo. Mesmo assim, o presidente da CâmaraArthur Lira (Progressistas-AL), promete colocar em votação hoje o projeto em plenário.

“Estamos atrás do melhor texto possível. O melhor texto possível é o que atende minimamente a todos. Todos sabemos que a reforma do Imposto de Renda tem de ser feita para o bem do País, e não individualmente para setor A ou B. Estamos na busca desse texto equilibrado”, afirmou Lira.

Pela proposta apresentada aos Estados e municípios, em vez de reduzir todos os 12,5 pontos porcentuais do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), seria cortado 1,5 ponto porcentual da CSLL e outros 11,5 pontos porcentuais retirados do IRPJ. Os dois tributos têm base semelhante e incidem sobre o lucro das empresas. Inicialmente, ele havia acenado em reduzir o IRPJ em 10 pontos porcentuais e a CSLL em 2,5 pontos porcentuais, mas depois mudou de ideia.

“Continua o lenga-lenga. O relator está sugerindo alterações, mas não fechou nada”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski. Segundo ele, o relator “pelo menos” está aceitando a ideia de reduzir a CSLL.

A vantagem para Estados e municípios é que a CSLL não é compartilhada pela União com os governos regionais. Assim, a medida poderia diminuir, em parte, o impacto da queda do IR previsto no parecer para os cofres de governadores e prefeitos.

Perdas

Sabino apresentou algumas simulações de dados ao Comitê Nacional de Secretários Estaduais de Fazenda (Comsefaz) que levam em conta uma redução de 9% para 6,5% da alíquota da CSLL e, depois, para 7,5%.

“As perdas continuam na última proposta da relatoria. Os Estados não apoiarão redução de financiamento de serviço publico”, disse o diretor institucional do Comsefaz, André Horta. Segundo ele, os Estados estão sendo propositivos sugerindo cenários para se evitar perdas, coerente com a proposta.

Governadores e prefeitos reclamam que as compensações para a queda de arrecadação apresentadas pelo relator no seu parecer não seriam suficientes para bancar a perda de receitas para os cofres regionais. Isso porque boa parte dessas medidas é feita com base em tributos que não são distribuídos, como PIS e Cofins.

O relator vinha tentando responder às críticas, ao usar o argumento de que o aumento da arrecadação – com o crescimento da economia e a aprovação do próprio projeto, desonerando as empresas e pessoas físicas – seria suficiente para cobrir o rombo nas receitas dos governos dos Estados. As críticas dos envolvidos nas negociações é de que não dá para aprovar esse projeto sem discussão e apresentação do parecer final em cima da votação.

Fonte: O Estado de S. Paulo