Imposto único sobre combustíveis beneficiaria consumidor, afirma especialista do setor ouvido pelo ICL

 sexta, 26 de novembro 2021

Imposto único sobre combustíveis beneficiaria consumidor, afirma especialista do setor ouvido pelo ICL

Fonte: Instituto Combustível Legal

Entre janeiro e setembro, os 26 estados e o Distrito Federal (DF) arrecadaram R$ 76,18 bilhões com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre combustíveis e lubrificantes. No mesmo período do ano passado, essa arrecadação foi de R$ 58,4 bilhões, um crescimento, de lá pra cá, de 30,43%.

Os dados são do Boletim de Arrecadação de Tributos Estaduais, publicado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) do Ministério da Economia.

A discussão relativa ao ICMS incidente sobre combustíveis está no centro dos debates referentes à alta dos preços em 2021. Em setembro, governadores de 19 estados e do DF publicaram uma carta afirmando que não houve aumento do imposto e, por outro lado, alguns estados têm anunciado sua redução para diminuir o preço de uma série de produtos que tiveram aumento.

Para comentar o cenário, o Instituto Combustível Legal (ICL) conversou com Dietmar Schupp, consultor tributário com passagem pela Esso Brasileira de Petróleo, onde atuou como gerente de logística, e pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), no qual ocupou o cargo de diretor de regulamentação, sendo responsável, também, pela área de preços controlados e ressarcimento das distribuidoras filiadas ao sindicato.

Ele comentou a influência do Preço Médio Ponderado para o Consumidor Final – PMPF (entenda o que é essa sigla) sobre a decisão dos governadores que optaram por baixar o imposto. Esse preço é uma peça-chave para entender a composição final do valor cobrado nas bombas.

“Como o PMPF subiu muito durante 2021, eles [os governadores] podem reduzir a alíquota do ICMS”, apontou o consultor, destacando que, mesmo reduzindo a alíquota, a arrecadação pode até ficar maior que a do ano passado. Isso porque o PMPF muda a cada quinze dias, varia de acordo com a oscilação dos preços em cada período, e tem peso sobre o preço final cobrado dos consumidores.

Schupp diz que “pode ter uma diferença entre o valor do PMPF e o valor do preço que é publicado semanalmente pela ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis]”. Segundo ele, existem os cálculos oficiais para a gasolina comum e para a premium, mas não existe para a gasolina aditivada, porque a Petrobras não vende esse tipo de combustível. “Quem aditiva é a distribuidora”, ele afirma.

Assim, “pode ser que o PMPF seja maior que o preço publicado no site da ANP, que é o da gasolina comum”. Com a possibilidade de manipular esse “mix” de PMPFs, os estados acabam arredondando o preço final para cima, fazendo aumentarem ainda mais os preços cobrados nas bombas.

ICMS único

Para o consultor, “a melhor solução seria que todos [os estados] adotassem uma alíquota única. E alíquota ad rem, única, não em percentual, e sim em valor fixo”, defende. Por exemplo, “R$1,50 para gasolina, seja no Rio de Janeiro ou em São Paulo”.

Segundo Schupp, um “ICMS único” seria a solução para dar conta das diferenças de preços dos combustíveis entre cada estado. Hoje, cada um tem a sua alíquota. “Que tenha regulamentação da Emenda Constitucional nº 33 de 2001, que está fazendo 20 anos e nunca foi regulamentada”, ele sugere, como solução para unificação do ICMS.

A alíquota ad rem (aquela com unidade de medida fixa) seria o caminho para simplificar a tributação e evitar problemas como a sonegação baseada na falsificação de dados do ICMS nas notas fiscais. “Resolveria 90%” desses problemas, ressalta o consultor.

Mas, se hoje, o Rio de Janeiro cobra 34% de ICMS sobre a gasolina e São Paulo tem alíquota de 25% sobre o mesmo produto, como a unificação do imposto não acabaria comprometendo as contas de cada estado, que já preveem arrecadações específicas para os seus cofres com base nesses valores?

Em resposta a essa pergunta, Schupp é enfático: “Cria-se um fundo [para arrecadação nacional do ICMS] e, nesse fundo, o saldo vai ser sempre zero, porque a soma de todos os estados, entre mais e menos, vai ser zero”. Segundo ele, adotando esse modelo, caberia ao Confaz decidir quanto cada estado iria receber, de forma a compensar as perdas ou ganhos além dos previstos. A conta nacional, segundo ele, passaria por uma “fase de transição”, com ajustes a cada ano, até a estabilização.

‘PMPF’: esta sigla seria a vilã dos aumentos no preço dos combustíveis? Entenda!

https://youtu.be/ju61gbXml-8

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