Governo aumenta tributação para álcool importado misturado na gasolina

 quinta, 12 de agosto 2021

Governo aumenta tributação para álcool importado misturado na gasolina

Uma medida provisória (MP) assinada pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira acaba com a redução de impostos dada ao álcool anidro importado por distribuidoras, usado na mistura com a gasolina.

A importação desse produto, até agora, era isenta de impostos. A MP acaba com essa desoneração, de acordo com nota divulgada pelo Palácio do Planalto. “Tal proposição tem a finalidade de equalizar a incidência tributária entre o produto nacional e o produto importado”, diz a nota.

A mudança vem num momento de alta no preço dos combustíveis. Também nesta quarta-feira, a Petrobras anunciou um novo reajuste no preço da gasolina, que já subiu 51% este ano

De acordo com a estatal, o preço médio por litro do combustível vendido às distribuidoras vai subir de R $2,69 para R$ 2,78. É um avanço de R$ 0,09 ou 3,34% por litro, que deve ser repassado ao preço final ao consumidor por distribuidores e revendedores.

A medida provisória foi editada com a finalidade de permitir a venda de etano dos produtores diretamente para os postos de combustíveis. Hoje, o produto precisa passar por uma distribuidora.

Governo diz que medida beneficia consumidores
O governo diz que a MP visa a dar maior eficiência logística, com benefícios diretos aos consumidores, e maior competitividade ao setor.

É preciso mudar a legislação sobre o assunto porque a venda direta depende da chamada “monofasia tributária federal”, um mecanismo que atribui a um determinado contribuinte a responsabilidade pelo tributo devido em toda a cadeia de um produto ou serviço.

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A norma estava travada no governo porque a a Receita Federal não aceitava o pleito do setor sucroenergético por uma solução que permitisse a monofasia para venda direta e a tributação em duas etapas para venda às distribuidoras.

Para não haver perdas de receitas públicas nesse ponto, o texto prevê que as alíquotas aplicáveis à venda direta do etanol serão o resultado da soma das alíquotas atualmente aplicadas ao produtor e ao distribuidor.

A MP também permitirá que um posto venda combustível de qualquer distribuidor, independentemente da bandeira a qual é associado. Hoje, um posto associado a um distribuidor só pode comercializar combustível desse fornecedor.

Fim da fidelidade
A partir da MP, vai ser possível comprar de qualquer distribuidor, desde que devidamente informado ao consumidor.

“Ao flexibilizar a denominada tutela regulatória da fidelidade à bandeira, preservando o direito do consumidor à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, a medida fomenta novos arranjos de negócios entre os distribuidores de combustíveis e os revendedores varejistas. Isso incentiva a competição no setor e estimula a entrada de novos agentes e a realização de investimentos em infraestrutura, o que pode gerar emprego e renda no país”, diz nota do Palácio do Planalto.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa os produtores, informou que não se opõe à venda direta aos postos. E estuda o texto da MP antes de comentar.

Em nota, o Comsefaz pontua que a venda direta de etanol aos postos está “de cerfa forma” abarcada no Convênio 110/97, havendo “uma discussão sobre a mudança trazida exigir lei estadual ou simples decreto por parte de cada unidade federada”. Na proposta sobre venda de diferentes combustíveis por um mesmo posto, afirma que a sistemática fiscal não é afetada, mas “resta saber se os postos tratarão os combustíveis de marcas diferentes nas mesmas bombas ou bombas separadas”.

Fonte: O Globo