Gás de botijão pressiona orçamento da baixa renda

 terça, 17 de agosto 2021

Gás de botijão pressiona orçamento da baixa renda

Em apenas um ano, até julho de 2021, o preço do gás de botijão já subiu quase 30% (29,44%), segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias com renda mensal entre um e cinco salários mínimos. A alta foi de quase três vezes a registrada pelo índice geral em igual período (9,85%). Com isso, o peso do gás de cozinha no cálculo da inflação passou de 1,56% em agosto de 2020 para 1,79% em julho de 2021. Em quatro das dez regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o peso já ultrapassa os 2%. Pelo cálculo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), chega a 2,7% nas famílias com renda muito baixa (renda domiciliar menor que R$ 1.650,50 por mês).

O movimento de alta dos preços do gás de botijão acompanha o aumento do preço do gás liquefeito de petróleo (GLP) da Petrobras. Em meio à valorização do petróleo no mercado internacional, a estatal brasileira já reajustou o derivado seis vezes este ano, uma alta acumulada de 37,8% em 2021.

A pressão no orçamento das famílias tem atraído a atenção de políticos. Nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro tem insistido com a ideia de criar uma espécie de “vale-gás” para a população de baixa renda, mas a questão do financiamento está em aberto. Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), incluiu na pauta de hoje a criação do Programa Gás para os Brasileiros, de autoria do senador Eduardo Braga (MDB-AM), que institui subsídio para famílias de baixa renda na compra do botijão de gás.

Entre especialistas, é unânime a avaliação sobre o impacto que essa alta de preços provoca no orçamento das famílias. O analista do IBGE André Filipe Guedes Almeida afirma que, embora a fatia de 1,79% do gás de botijão possa parecer pequena, o item é o décimo com maior peso no INPC.

“O gás de botijão é um item importante no orçamento das famílias, especialmente naquelas com renda de até cinco salários mínimos, e tem 14 altas seguidas, desde junho de 2020. A alta ajudou a puxar a inflação no período”, explica.

Pelos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio no país do gás de botijão de 13 kg (o P13, de uso residencial) subiu de R$ 69,98 em agosto de 2020 para R$ 93,32 em agosto de 2021 (até dia 13).

Na região Norte, ultrapassou a barreira dos R$ 100 no preço médio em julho e está em R$ 102,74 em agosto. A região está mais distante das refinarias, com exceção do Amazonas, que tem uma unidade, e é a que tem custo mais alto do produto no país.

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Fonte: Valor Econômico