Economia vê risco de energia mais cara

 quarta, 19 de maio 2021

Economia vê risco de energia mais cara

Com os reservatórios de usinas hidrelétricas do Sudeste e Centro-oeste em baixa, o aumento do custo de energia e o possível impacto na inflação entraram no radar da equipe econômica. Ontem, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, disse que o risco hidrológico pode afetar tanto os preços como a recuperação da economia em 2021. “Hoje estamos na bandeira vermelha 1 (nas contas de luz). Se ele insistir e piorar, podemos ir para a bandeira vermelha 2. Então há um risco na inflação”, afirmou.

Sachsida lembrou que o País corre esse risco hidrológico apesar de dez anos de crescimento baixo da economia. “Isso mostra que temos um problema não apenas conjuntural, de chuvas, mas que temos um problema estrutural também. Isso reforça a importância do processo de concessões e privatizações, e de marcos legais mais eficientes”, completou.

O governo divulgou novas projeções para a economia e a inflação neste e nos próximos anos. Em relação à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta de preços neste ano passou de 4,42% para 5,05%. Para 2022, a projeção permaneceu em 3,50%.

No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram que o IPCA deve acumular alta de 5,15% em 2021 e de 3,64% em 2022.

O Ministério da Economia revisou também para cima sua previsão para a atividade econômica e espera agora uma alta de 3,50% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de 3,20% estimado no Boletim Macrofiscal de março.

Para 2022, a estimativa de alta no PIB permaneceu em 2,50%. O ministério manteve ainda as projeções de crescimento da economia de 2023, 2024 e 2025 – todas também em 2,50%. “Essa é uma projeção conservadora. Vários analistas de mercado estão projetando crescimento acima de 4,0% para o PIB deste ano. A nossa estimativa é conservadora, mas reflete o bom momento que estamos vivendo no lado econômico”, afirmou Sachsida.

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Bruno Funchal, afirmou que a nova projeção da pasta para a evolução do PIB reflete os novos dados da atividade econômica. “Dados importantes foram divulgados pela Receita Federal, com reflexo no resultado do Governo Central. No mês passado mostramos um superávit primário no primeiro trimestre, reflexo de uma retomada da economia, com mais receita. Os primeiros quatro meses de arrecadação dos Estados mostram um crescimento de mais de 15%, alguns Estados com alta de mais de 30% (no recolhimento) de ICMS”, destacou.

Meta. Todas as projeções para a inflação em 2021 estão bem acima do centro da meta deste ano, de 3,75%, que tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,25% a 5,25%). No caso de 2022, a meta é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00% a 5,00%).

O Ministério da Economia também atualizou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta do indicador neste ano passou de 4,27% para 5,05%.

Já a estimativa da Economia para a alta do IGP-DI em 2021 deu um salto de 5,06% para 15,21%. Para o próximo ano, a projeção passou de 3,57% para 4,26%.

O subsecretário de Política Macroeconômica do Ministério da Economia, Fausto Vieira, explicou que, no caso específico do IGP-DI, pesou o preço das commodities.

Fonte: O Estado de S. Paulo