Cade pouco pode fazer na gasolina, diz indicado ao órgão

 quarta, 06 de abril 2022

Cade pouco pode fazer na gasolina, diz indicado ao órgão

Aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Barreto disse ontem que a autarquia tem papel limitado para diminuir os preços praticados pelas refinarias de combustíveis. A afirmação foi feita após reclamações, durante a sabatina, sobre os preços dos combustíveis no Brasil.

"Quando falamos em formação de preço em uma atividade oligopolizada e até monopolizada, como é o refino, a atuação da autoridade concorrencial fica bastante limitada", disse. "Não cabe ao Cade institucionalmente fazer controle de preços, mas cabe ao Cade investigar a situação de mercado."

Barreto lembrou que, no Brasil, o comportamento dos preços de combustíveis pode ser explicado principalmente pela política adotada pela Petrobras, que leva em conta o preço do petróleo no mercado internacional e o câmbio. Segundo ele, o Cade "está permanentemente vigilante" para evitar "abusos" como a formação de cartéis e a atuação de empresas em posição dominante para prejudicar a concorrência.

"Nessas duas funções estamos permanentemente vigilantes, não só no mercado de combustíveis, mas em todos os mercados, dentro das nossas limitações operacionais", disse.

Outro ponto a respeito do qual houve pressão durante a sabatina foram os spreads bancários, que a grosso modo medem a diferença entre as taxas cobradas pelas instituições financeiras nos empréstimos e as taxas de captação desses recursos. Segundo Barreto, a autarquia só poderia agir para diminuir os spreads bancários se houvesse indícios de irregularidades.

"O nível de concentração [do setor] por si só não é suficiente para a abertura de investigação", disse. "Existe a necessidade de que haja combinação de preços ou de uma empresa em posição dominante [prejudicando a concorrência]."

Barreto lembrou que o Cade tem investigação aberta contra instituições financeiras, mas ligada a um suposto esquema de manipulação do câmbio, e não aos juros cobrados pelos empréstimos.

Já Victor Oliveira Fernandes, indicado ao conselho do Cade, defendeu na sabatina que a "verticalização e a concentração" do setor financeiro "são dois desafios que estão à frente" da autarquia.

Tanto Barreto, que já foi presidente do próprio Cade, quanto Fernandes tiveram a nomeação aprovada pela na CAE. Barreto recebeu 20 votos favoráveis e dois votos contrários para um mandato de dois anos. Já Fernandes foi aprovado por unanimidade, com 22 votos favoráveis, para um mandato de quatro anos. Por fim e também por unanimidade, Juliana Domingues foi aprovada para a procuradoria geral do Cade para um mandato de dois anos. Antes, ela ocupou a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça. A tendência é que a nomeação dos três seja apreciada hoje no plenário do Senado.

Fonte: Valor Econômico