Bolsonaro apela para que Petrobras segure reajustes e evite “convulsão nacional”

 sexta, 06 de maio 2022

Bolsonaro apela para que Petrobras segure reajustes e evite “convulsão nacional”

Menos de um mês após trocar o comando da Petrobras, por insatisfação com a política de preços da estatal, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a pressionar publicamente a petroleira e fez um apelo para que a companhia segure o reajuste dos preços dos combustíveis. Segundo ele, um novo aumento no preço do diesel poderá criar uma “convulsão social” no país.

Minutos antes de a Petrobras divulgar um lucro de R$ 44,8 bilhões no primeiro trimestre, Bolsonaro disse que a empresa está “abusando do povo brasileiro” e que a inflação dos combustíveis pode “quebrar e levar o Brasil para uma situação bastante complicada”.

“Apelo para que contenham, diminuam um pouco o lucro abusivo que vocês têm em detrimento da população brasileira”, discursou o presidente, durante live com seguidores nas redes sociais.

Bolsonaro fez o apelo diretamente ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e ao novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho — que tomou posse há apenas 22 dias.

“Diminua a voracidade do lucro. Acabando a guerra [na Ucrânia], que volte à normalidade, não tem problema nenhum”, completou.

A Petrobras está há 55 dias sem reajustar os preços nas refinarias, mas o valor do litro da gasolina bateu novo recorde nos postos brasileiros na semana passada, de acordo com dados da ANP. Em paralelo, no mercado global, os preços do diesel continuam em alta e a Petrobras vem praticando preços abaixo da paridade internacional — com defasagens de 17% da gasolina e 25% no diesel, segundo a Abicom, representante dos importadores privados, concorrentes da estatal no abastecimento do mercado doméstico.

Há menos de um mês no cargo, Coelho sente a pressão política logo no início de sua administração. Na quarta-feira (4/5), o presidente da Petrobras foi convidado a ir à Câmara dos Deputados prestar esclarecimentos sobre a política de preços da empresa.

Em entrevista ao Estadão, na quarta-feira, Coelho disse que seu principal desafio à frente da estatal será melhorar a comunicação da empresa com a sociedade. E negou haver qualquer pressão do governo sobre a política de preços da companhia.

“O presidente [Jair] Bolsonaro não me pediu absolutamente nada específico. Só pediu para eu conduzir a companhia”, disse Coelho, que voltou a defender a política de preços e afirmou que Bolsonaro “já entendeu muito bem a questão de preço de mercado”.

Fonte: EPR