BC eleva taxa Selic para 11,75% e sinaliza nova alta

 quinta, 17 de março 2022

BC eleva taxa Selic para 11,75% e sinaliza nova alta

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 11,75% ao ano. Esta é a nona alta consecutiva da Selic. Para a próxima reunião, Copom antevê outro ajuste da mesma magnitude. “O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", diz o comunicado.

A decisão desta quarta veio em linha com a mediana das expectativas do mercado e dentro do sinalizado pela autoridade monetária no encontro anterior — na reunião de fevereiro, o BC indicou que reduziria o ritmo de aperto monetário, mas não especificou a magnitude dos próximos ajustes. Na ocasião, a Selic foi elevada em 1,5 ponto, para 10,75% ao ano

Em levantamento realizado pelo Valor com 93 instituições financeiras e consultorias, 82 esperavam que a Selic fosse elevada em 1 ponto percentual, para 11,75%. Nove casas projetavam aumento de 1,25 ponto, enquanto duas acreditavam que o comitê iria manter o ritmo de elevação dos juros em 1,5 ponto.

O Copom se reúne novamente em 3 e 4 de maio.

Para o Copom, no cenário externo, o ambiente se deteriorou substancialmente. "O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial", afirmou.

"Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas", ressaltou.

O colegiado diz que considera adequado que o juro avance significativamente para o terreno ainda mais contracionista e “considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”.

Inflação

O comitê afirmou que "a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente”. “Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente".

No comunicado, o BC ressaltou que diversas medidas de inflação subjacente se apresentam acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.

Sobre a atividade econômica brasileira, o Copom destacou que a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2021 apontou ritmo de atividade acima do esperado.

O Copom diz que “as atuais projeções indicam que o ciclo de juros nos cenários avaliados é suficiente para a convergência da inflação para patamar em torno da meta ao longo do horizonte relevante”.

O Copom publicou dois cenários de projeção de inflação, ambos considerando uma alta dos juros básicos a 12,75% ao ano, com queda a 8,75% ao ano no próximo ano.

“A atuação do Comitê visa combater os impactos secundários do atual choque de oferta em diversas commodities, que se manifestam de maneira defasada na inflação”, afirma o colegiado. Para ler esta notícia, clique aqui.

Fonte: Valor Econômico