Após redução do ICMS, diesel comum cai cinco centavos em duas semanas

 segunda, 11 de julho 2022

Após redução do ICMS, diesel comum cai cinco centavos em duas semanas

Principal combustível da cadeia logística brasileira, o diesel pouco sentiu o efeito da redução do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Enquanto a gasolina e etanol baixaram aos menores valores desde o ano passado, o diesel comum (S-500) registrou uma queda de apenas R$ 0,05 no preço médio.

O Ministério de Minas e Energia (MME) havia estimado que a redução do ICMS acarretaria em uma queda de R$ 0,13 em média (-1,7%) no custo do litro do combustível. Mas, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel no Brasil, entre 3 e 9 de julho, foi de R$ 7,52. Há duas semanas, antes da implementação da medida, esse valor era de R$ 7,57.

Neste ano, foi a primeira vez desde o início da série histórica da ANP, em 2004, que o preço médio do diesel ficou mais alto que o da gasolina. A redução do ICMS afetou menos o diesel porque os estados já trabalhavam com alíquotas menores para o produto, quando comparadas às de outros combustíveis.

Em conversa com a CNN, Lauro Valdivia, assessor técnico da Associação Nacional de Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística), explica que, além dos aumentos no preço do combustível, o intervalo entre os reajustes afeta o orçamento de empresas do setor e caminhoneiros autônomos.

“É difícil negociar reajuste nos contratos, então as empresas não conseguiram nem repassar o primeiro, já vem outro”, afirma. Ainda segundo Valdivia, o custo com combustível representa cerca de 30% dos gastos do setor. O insumo consome ainda cerca de 50% do faturamento dos autônomos.

O especialista pontua que a margem de lucro das empresas é 10% a 15% e que, além do combustível, gastos com pneu e outras peças dos veículos também apresentaram aumento de preço.

Segundo dados da ANP, o diesel S-500 acumula uma alta de 65% em 12 meses. Em junho de 2021, o preço médio do litro no Brasil estava em R$ 4,54. O último reajuste de preços da Petrobras, em junho deste ano, subiu o valor do combustível nas refinarias em 14,26%.

Entidades representantes de motoristas, como a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), questionam a paridade de importação com o mercado internacional, adotada pela Petrobras desde 2016.

Para Nelson Junior, diretor da Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga Geral do Rio de Janeiro (Fecam-RJ), a solução para reduzir o preço do diesel seria uma revisão na política de preços da Petrobras.

“Se o ICMS é o grande vilão, por que que não abaixou o diesel? Nós sabemos que daqui a dois ou três meses os aumentos vão continuar, e logo vão engolir essa redução no ICMS”, opina o representante dos caminhoneiros.

A CNN questionou o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras sobre os apontamentos e aguarda um retorno. De acordo com dados do site de preços da estatal, a empresa é responsável, no caso do diesel S-10 por exemplo, por 66% do valor nos postos de combustíveis, conforme valores levantados entre 26 de junho e 2 de julho.

Fonte: CNN Brasil