Após criticar aumento de gás pela Petrobras, Bolsonaro sanciona lei que abre competição no setor

 sexta, 09 de abril 2021

Após criticar aumento de gás pela Petrobras, Bolsonaro sanciona lei que abre competição no setor

O presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei do novo marco legal do gás, que tem como principal objetivo abrir o setor à competição para abaixar o preço do combustível.

O recente aumento de 39% no preço do gás vendido às distribuidoras pela Petrobras foi alvo de críticas de Bolsonaro na quarta-feira, o que continuou provocando perda de valor das ações da empresa na Bolsa nesta quinta-feira.

A informação sobre a sanção da lei já aprovada no Congresso foi dada pelo deputado Laércio Oliveira (PP-SE), que foi relator da proposta na Câmara. Ele divulgou um vídeo ao lado do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O texto sancionado ainda não foi divulgado pelo governo, que não informou se houve vetos.

O novo marco regulatório do gás natural é descrito pelo ministro Paulo Guedes como uma "choque de energia barata" por ter o potencial de ampliar a concorrência no setor, dominado pela Petrobras.

Em nota, a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) elogiou a sanção da nova legislação, que classificou como capaz de abrir caminho para a retomada da economia com o estímulo de investimentos atrelados ao gás natural como fonte de energia.

Ações caem sobe impacto de fala da véspera
As ações da Petrobras voltaram a cair nesta quinta-feira, após as declarações do presidente Jair Bolsonaro, na véspera, sobre a possibilidade de mudanças na política de preços da estatal.

A queda, de mais de 1%, foi na contramão da Bolsa de São Paulo, a B3. O princípal índice, o Ibovespa, subiu 0,59% , influenciado por um ambiente mais positivo no exterior.

As ações ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) caíram 1,68% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 1,25%.

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Apesar disso, o Ibovespa começou o dia com oscilação, mas firmou alta desde o início da tarde. O índice fechou no patamar de 118.313 pontos, impulsionado por empresas ligadas ao setor siderúrgico e varejistas.

O Ibovespa não terminava acima dos 18 mil pontos desde o dia 19 de fevereiro, quando encerrou com 118.431 pontos.

Receio de intervenção
Ontem, em visita a Foz do Iguaçu (PR), Bolsonaro chamou de "inadmissível" o aumento de 39% no preço do gás natural vendido pela Petrobras às distribuidoras e disse que poderia "mudar essa política de preços lá".

A fala já havia afetado as ações da estatal no fim do pregão de ontem. Nesta quinta, a queda foi constante durante o dia.

— Assim como nos últimos dias, as ações ligadas a metais estão dando sustentação ao Ibovespa. O movimento de baixa da Petrobras ocorre em grande parte pela pressão do presidente sobre a política de preços. Também contribui a queda da cotação internacional do petróleo — destaca o analista da Terra Investimentos, Regis Chinchila.

O presidente tem criticado a política de preços da empresa, o que acabou levando à troca de comando da companhia. O nome do novo presidente da Petrobras será analisado em assembleia de acionistas no dia 12 de abril.

Fonte: O Globo