Analistas projetam PIB, inflação e juros mais altos

 segunda, 30 de maio 2022

Analistas projetam PIB, inflação e juros mais altos

O cenário difícil para os preços elevou mais uma vez as projeções do mercado para a inflação e já leva mais instituições a acreditar que o ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, pode não acabar em junho. Nesse cenário, pesa também uma atividade econômica mais aquecida no primeiro semestre. Entre os dias 24 e 27 de maio, o Valor consultou mais de 100 instituições financeiras e consultorias sobre projeções de inflação, taxa básica de juros e PIB neste ano e em 2023.

Segundo a mediana das projeções de 101 instituições, o IPCA deve ser de 8,9% em 2022 e de 4,5% em 2023. Na última coleta feita pelo Valor e publicada em 12 de maio, a mediana das expectativas para o IPCA era de 8,35% neste ano e de 4,2% em 2023. Em relação ao rumo da Selic, a mediana das estimativas se manteve em 13,25% no fim deste ano, mas aumentou de 9,5% para 9,63% no fim de 2023.

Já as previsões para o PIB em 2022 andaram bastante em pouco tempo, já que a atividade econômica surpreendeu no primeiro trimestre e há sinais favoráveis no começo do segundo. Desde a última coleta do Valor, com 72 casas, em 12 de maio, a mediana para o ano passou de 0,8% para 1,4% agora, com 96 estimativas. A pesquisa Focus, do Banco Central, que costuma servir de bússola para o mercado, não é publicada desde abril por causa da greve de servidores.

Com o juro básico em 12,75%, o BC sinalizou nova alta na Selic na reunião de junho e tem dado sinais cada vez mais claros de que deseja encerrar o ciclo iniciado em março de 2021. Mas a leitura de maio do IPCA-15 assustou o mercado e a aposta numa nova subida em agosto cresceu. Duas semanas atrás, 25% das estimativas indicavam elevação nos juros em agosto. Na pesquisa atual, esse já é o cenário de 36% das casas. “Há o desejo de parar, mas temos uma inflação ainda muito ruim. Todos os meses, o IPCA-15 e o fechado vêm surpreendendo negativamente”, diz o economista-chefe da JGP, Fernando Rocha. Para ele, o BC tentará encerrar o ciclo, mas não terá sucesso. Com isso, ele projeta a Selic em 14,25%.

Outro fator que complica a vida do BC é que a atividade econômica tem surpreendido para cima, apesar do aperto das condições monetárias e financeiras. Na quinta-feira, o IBGE divulgará o PIB do primeiro trimestre. A mediana das projeções coletadas com 82 instituições é de alta de 1%. Mas o otimismo tem prazo. “Devido à defasagem da ação da política monetária, de cerca de nove meses, a maior parte do efeito será observada no segundo semestre”, diz a economista-chefe da BNP Paribas Asset Management, Andressa Castro.

Fonte: Valor Econômico