WhatsApp quer permitir que empresas façam vendas direto no aplicativo

 sexta, 23 de outubro 2020

WhatsApp quer permitir que empresas façam vendas direto no aplicativo

WhatsApp quer permitir que empresas façam vendas direto pelo aplicativo.

O serviço, ainda em fase de testes, prevê que as companhias montem catálogos e que o consumidor escolha o produto e pague pelo próprio aplicativo, de modo que a venda seja concluída diretamente na conversa entre empresa e cliente.

Esse sistema deve começar no ano que vem, para pequenos negócios (WhatsApp Business app).

O diretor de operações do WhatsApp, Matthew Idema, afirma que o uso de apps de mensagens se intensificou na pandemia.

“A maioria das pessoas prefere fazer resolver tudo por mensagens e isso faz sentido, já que com o trabalho remoto, ninguém quer mais esperar a resposta de um email ou fazer um contato na linha telefônica. Mensagens são mais rápidas e dinâmicas”, disse ele em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (20).

Em abril –quando o trabalho remoto começou a se tornar mais popular no mundo– o app entregou mais de 100 bilhões de mensagens. Segundo Idema, também houve aumento significativo no volume de ligações e chamadas de vídeo.

A empresa espera integrar o novo serviço aos pagamentos no WhatsApp –popularmente conhecido por WhatsApp Pay. A iniciativa foi trazida ao Brasil pelo aplicativo de mensagens em junho, mas ainda aguarda aprovação do Banco Central.

A proposta dos pagamentos no WhatsApp é a de trazer transferências gratuitas entre pessoas e de permitir pagamentos de compras a comerciantes no débito e no crédito —que pagariam cerca de 3,99% por venda. Na época em que anunciou a novidade, o WhatsApp afirmou que naõ terá lucro com as taxas cobradas sobre as transações.

O sistema foi desenvolvido com parceiros iniciais como as bandeiras Visa e Mastercard, Banco do Brasil, Sicredi e Nubank. Toda a operação seria feita pela Cielo, empresa de maquininhas de cartão, que tem como principais acionistas BB e Bradesco.

A iniciativa dos pagamentos no WhatsApp é bem semelhante à do Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do BC que chega ao país em novembro —situação que levantou questionamentos no mercado quando a autoridade monetária e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), menos de dez dias depois do anúncio do aplicativo de mensagens, barraram o acordo.

Em setembro, o BC chegou a se pronunciar e afirmou que a decisão de suspender o serviço de pagamentos do WhatsApp não teve o objetivo de proteger o Pix ou os grandes bancos. Nos bastidores, no entanto, as empresas continuaram a reclamar que o regulador teria agido em defesa de sua própria ferramenta.

Desde o bloqueio, executivos do WhatsApp e do Facebook (dono do app) vêm realizando diversas reuniões com a autoridade monetária.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já se manifestou em algumas ocasiões, afirmando que o BC não teria proibido a funcionalidade de pagamentos no WhatsApp e que estariam trabalhando para que o novo modelo consiga operar o mais rápido possível. A iniciativa, no entanto, ainda aguarda o aval do BC.

Além disso, nesta quinta-feira (22), o BC regulamentou os iniciadores de transação de pagamento, uma nova modalidade de empresas que atuarão no sistema de pagamentos. O WhatsApp Pay, segundo o BC, se encaixaria nesta categoria.

As companhais que atuarem na nova modalidade iniciarão uma transação de pagamento ordenada pelo usuário final, sem participar do fluxo financeiro —ou seja, a conta de depósito ou de pagamento será comandada por uma instituição não detentora da conta em si. O BC, no entanto, não confirmou se o serviço de pagamentos no WhatsApp entrará na categoria.

Outro serviço a ser oferecido pelo WhatsApp nos próximos meses é a possibilidade de gerenciamento de mensagens por meio de serviços de hospedagem (APIs) que serão fornecidos pelo Facebook (dono do app).

Ainda segundo Idema, esse produto vai permitir a integração entre WhatsApp, Instagram e Facebook e o gerenciamento de vendas por meio dessas redes sociais.

O WhatsApp, afirma o executivo, só irá cobrar pelas mensagens enviadas por meio do API, normalmente em volume maior e usadas por empresas para mandar notificações, códigos de autenticação ou outras informações.

Fonte: Folha de S.Paulo