Recuperação econômica vai ajudar a filiar mais postos, diz BR Distribuidora

 quinta, 13 de agosto 2020

Recuperação econômica vai ajudar a filiar mais postos, diz BR Distribuidora

O presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, acredita na melhoria das condições de mercado, para que a companhia avance com o seu plano de embandeiramento de postos de combustíveis de bandeira branca (revendedor que não tem contrato para uso da marca comercial de um distribuidor específico).

A BR fechou o segundo trimestre com 7.774 postos em sua rede, uma queda de 23% frente a igual período de 2019 e de 44% na comparação com o primeiro trimestre.

“[Passado] o momento pontual da crise, com volumes se recuperando, quero crer que vai melhorar a competitividade [de embandeiramento]”, afirmou, durante teleconferência com analistas.

Reposicionamento no mercado de gás

Grisolia, afirmou que a companhia tem discutido internamente, junto com o seu conselho de administração, um reposicionamento no mercado de gás natural. A empresa negocia com a Golar uma parceria na distribuição de gás natural liquefeito (GNL), mas também quer atuar como comercializadora de gás natural.

A BR, inclusive, já obteve a autorização da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em junho, para atuar na comercialização do gás.

“Na medida em que a regulação [da abertura do mercado de gás] se solidifique, vamos achar espaço para a BR como comercializadora de gás”, disse o executivo.

Grisolia comentou, no entanto, que o planejamento sobre a entrada da companhia na comercialização de gás depende do avanço do ambiente regulatório e que, neste momento, as discussões sobre a atuação da distribuidora no GNL estão mais maduras. “O projeto de mais maturidade é o de parceria com a Golar”, afirmou.

Ainda no mercado de gás, a BR assinou, com o governo do Espírito Santo, o novo contrato de concessão da distribuidora de gás capixaba, a ESGás. A intenção original da BR, após a constituição da empresa (uma sociedade de economia mista), era vender o ativo.

Grisolia sinalizou, nesta quarta-feira (12), porém, que ainda não há um futuro definido para a Esgás dentro do portfólio da BR.

“O Estado [do ES] tem interesse de vender o controle [da ESGás]. Ainda vamos tomar a decisão se continuaremos com alguma participação ou se vamos zerar, são etapas que vamos trabalhar com Estado”, comentou o executivo.

Recompra de ações não está no radar

A BR Distribuidora fechou o primeiro semestre com um saldo de caixa de R$ 5,3 bilhões, e o presidente da companhia afirmou que a empresa ainda não definiu a estratégia de alocação das sobras de caixa e se aumentará o pagamento de dividendos, mas destacou que um eventual programa de recompra de ações “não está no radar”.

O executivo destacou que a BR é uma empresa geradora de caixa e que a necessidade de grandes investimentos não está presente – embora a companhia reconheça que a abertura do mercado de refino poderá demandar investimentos em logística.

Segundo Grisolia, dentro desse cenário, se mantida a alavancagem (medida pela relação dívida líquida versus Ebitda) entre 1 vez a 1,5 vez, a companhia tende a se manter como “boa pagadora de dividendos”. A BR, no entanto, ainda avalia as condições de mercado, antes de definir a sua alocação de capital.

“A baixa alavancagem tenderia a acelerar dividendos. Mas há um elemento que está afetando as contas este ano, que é o fator de risco. Estamos trabalhando com um cenário de retomada, mas podemos ter outro susto, com um novo impacto de Brent [cotação do barril do petróleo] ou de demanda. Se ficarmos com a alavancagem em até 1,5 vez, vamos divulgar datas mais precisas de pagamento de dividendos e JCP [juros sobre capital próprio]. Mas recompra de ações não estamos visualizando agora, não. Sobras de caixa passam por uma decisão de alocação de capital, não tomamos nenhuma posição sobre isso no momento”, disse, durante a teleconferência de hoje com analistas.

O diretor financeiro da companhia, André Natal, disse que a BR Distribuidora pretende manter uma constância nas margens, mesmo diante da volatilidade dos preços no mercado.

“É sempre muito tentador quando há uma variação no nível geral de preços, e o mercado tradicionalmente agiu dessa forma, haver grande variação de margem para fazer grandes capturas. Olhamos para a consistência, em parceria com revendedores. Evitar volatilidades exacerbadas tem se mostrado uma estratégia vencedora”, afirmou o executivo, ao comentar sobre o ganho de participação de mercado da empresa no segundo trimestre.

Fonte: Valor Econômico