Preço do biodiesel negociado no último leilão poderá elevar custo do diesel, diz Fecombustíveis

 quinta, 22 de outubro 2020

Preço do biodiesel negociado no último leilão poderá elevar custo do diesel, diz Fecombustíveis

A partir de 1o de novembro, o custo do biodiesel poderá impactar em aumento de preço do óleo diesel vendido nos postos de combustíveis. É o que afirma a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) após o resultado divulgado do 76o Leilão de Biodiesel, realizado pela ANP, e o aumento do teor da mistura de 10% para 11%.

No 76o Leilão de Biodiesel, o preço médio Brasil atingiu R$ 5.511 por m3, enquanto o óleo diesel A (sem a mistura) sai das refinarias, em média, por R$ 2.120 por m3 (incluindo PIS/COFINS). Ou seja, mais que o dobro do custo do produto mineral, o que encarece sobremaneira o preço do óleo diesel (com a mistura) nas bombas.

Para o bimestre novembro-dezembro, a ANP reduziu o percentual da mistura para 11%, uma vez que a oferta do biocombustível poderia não ser suficiente para atender ao teor de 12%. Em relação ao leilão anterior, a agência reguladora também teve que fazer uma redução temporária do percentual de biodiesel adicionado ao diesel para 10% até o final de outubro, em função da falta do biocombustível no mercado.

O biodiesel é uma commodity agrícola, cujo preço passa por flutuações do mercado, conforme safra, mercado externo, câmbio, entre outros. Desde maio, com o aquecimento do mercado de soja (principal matéria-prima do biodiesel) e o aumento das exportações, tem ocorrido a menor oferta do biocombustível no setor de combustíveis. Em função do cenário atual e para garantir o abastecimento do produto nos postos, sem oscilações, a Fecombustíveis defende a redução do percentual da mistura para 8%.

A Federação entende que, dificilmente, as autoridades conseguiriam alterar o preço do B100 por ser comercializado pelo atual sistema de leilões. Enquanto a soja, como commodity, é negociada no mundo todo segundo a lei de oferta e demanda. A única possibilidade de alteração do custo do biodiesel seria pela redução do percentual do diesel na mistura (8%), o que asseguraria o suprimento nacional e evitaria o impacto da alta de preço do biodiesel no custo final do diesel, que tem onerado o bolso do consumidor. 

A Fecombustíveis lembra que o mercado é livre e competitivo em todos os segmentos, cabendo a cada elo do downstream (distribuidora e posto revendedor) repassar ou não os maiores custos ao consumidor. Apesar disso, a entidade esclarece que revenda é o elo mais competitivo da cadeia e, atualmente, os postos trabalham com margens muito reduzidas, portanto, dificilmente conseguirão absorver eventuais aumentos do diesel. A Federação entende ser de fundamental importância esclarecer a realidade dos fatos à sociedade, para que o revendedor varejista, agente mais visível da cadeia, não seja responsabilizado exclusivamente por elevações de preços ocorridas em etapas anteriores. 

A Fecombustíveis representa os interesses de cerca de 41 mil postos de serviços que atuam em todo o território nacional, o segmento de TRRs e mais de 60 mil revendedores de GLP, além do mercado de lubrificantes.

Fonte: Fecombustíveis