Empresários relatam que burocracia e demora dos bancos limitam acesso ao crédito para folha de pagamento

 sexta, 22 de maio 2020

Empresários relatam que burocracia e demora dos bancos limitam acesso ao crédito para folha de pagamento

Pequenas e médias empresas que precisam aderir à linha emergencial de financiamento para pagar seus funcionários ante a pandemia do coronavírus relatam que esbarram em burocracia, excesso de exigências e demora na resposta dos grandes bancos.

Liberado no fim de março pelo governo federal, o programa de R$ 40 bilhões foi desenhado para empresas com faturamento de R$ 360 mil a R$ 10 milhões por ano. Desse total, 85% é garantido pelo Tesouro Nacional. A taxa máxima é de 3,75% ao ano.

A adesão até agora, entretanto, foi baixa: apenas R$ 1,4 bilhão haviam sido emprestados na modalidade até 11 de maio —menos de 4% do orçamento total disponível.

Parte do motivo para o resultado aquém do esperado são as várias exigências da linha. Empresários relatam comprometimento com a não demissão, alta quantidade de documentos e garantias exigidos e demora de bancos para aprovar a solicitação como entraves ao acesso.

Dono de duas lojas de vestuário na capital paulista, o empresário Alexander Oltman, que emprega nove pessoas, afirma que seu gerente de banco cortou o problema já na raiz.

“Já me informou, de cara, que era um dinheiro difícil de acessar porque, além de precisar de mil documentos, ia me fazer cair em produtos do banco privado. Tentei por uma semana, desisti pela burocracia”, afirma Oltman, dono da Free Hand Surf Shop e da Kidstok, uma franquia de roupa infantil.

O empresário diz que as garantias solicitadas pelo banco foram muito além do limite que ele poderia pagar, em especial no momento em que viu seu faturamento cair 10% em relação ao que vendia antes do confinamento.

“Pedi R$ 100 mil, o banco pediu R$ 70 mil de garantia. Quem tem essa garantia não está precisando de dinheiro”, afirma.

Segundo o gerente técnico da FGV Projetos, Maurício Wanderley, apesar das medidas anunciadas pelo governo para evitar o estrangulamento dessas empresas, as taxas de juros apresentadas pelas instituições bancárias variam de 0,41% a 10,99% ao mês, principalmente ante a oferta de produtos não subsidiados.

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Fonte: Folha de S. Paulo