Como a volatilidade dos preços de combustíveis pode afetar a retomada

 quarta, 27 de maio 2020

Como a volatilidade dos preços de combustíveis pode afetar a retomada

O mercado internacional de petróleo vive altos e baixos em meio à pandemia de coronavírus. Ainda no mês de abril, o contrato futuro de maio da commodity do tipo West Texas Intermediate (WTI) chegou a ser negociado por -37,63 dólares o barril — pela primeira vez na história foi negociada a uma cotação negativa. Como efeito, os combustíveis caíram no Brasil. A Petrobras reduziu agressivamente os preços e precisou fazer um ajuste contábil que gerou o maior prejuízo já visto em uma empresa brasileira, de 48,5 bilhões de reais, no primeiro trimestre deste ano. Os valores mais baixos chegaram às bombas de combustível e geraram deflação entre abril e maio. Contudo, pouco mais de um mês depois, o petróleo internacional começa a apresentar uma recuperação, dos preço — e, num intervalo de duas semanas, a estatal elevou em mais de 35% os valores negociados nas refinarias. Devido ao estoque alto dos postos de combustíveis, os novos preços tendem a chegar às bombas entre o fim deste mês e o início do próximo. Essa volatilidade prejudica toda a economia brasileira. Governos estaduais que dependem das cotações para sabem o quanto vão arrecadar de royalties e de ICMS. Porém, o cenário é pior quando se pensa na cadeia logística nacional. Este é um barril de pólvora que é preciso ser cuidado para que não exploda, justamente no pior momento da crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

Aumentos de preços nos combustíveis encarecem os custos logísticos e, por consequência, geram aumentos nos preços dos produtos, desde os mais básicos. Porém, mais nefasta que tais variações nos preços dos combustíveis é a volatilidade. “Entende-se que variações de preços nos combustíveis podem fugir ao controle até mesmo das autoridades, mas todos devemos nos preocupar em encontrar uma fórmula que garanta uma mínima previsibilidade, sem as oscilações semanais”, avaliou a JSL, empresa de logística e transportes. A política de constantes reajustes de preços praticada pela Petrobras não é unanimidade e incomoda principalmente as grandes empresas de transporte, que com as constantes alterações, não conseguem prever seus custos a médio e longo prazo. “Uma mudança pode ser interessante para o consumidor de diesel, mas não para a população brasileira em geral, isso porque para cada um que for fazer a equação o resultado será diferente. O preço anda com o mercado internacional, tem que deixar uma regra clara de como se regula esse preço. Todas as companhias aéreas brasileiras e internacionais trabalham oscilando com o mercado internacional, por exemplo”, analisa Thadeu Silva, chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone.

Fonte: Veja