Combustíveis são 2º maior negócio do crime organizado na economia
segunda, 10 de fevereiro 2025
Um estudo do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP) estima que o crime organizado fatura por ano no Brasil
ao menos R$ 146,8 bilhões em mercadorias na economia formalizada. O carro-chefe
dentro deste segmento, entre um grupo de quatro produtos pesquisados, são
os combustíveis. São R$ 61,4 bilhões em uma estimativa que os
pesquisadores qualificam como “conservadora”. Na sequência aparecem os outros
três: bebidas (R$ 56,9 bilhões), ouro (R$ 18,2 bilhões) e tabaco/cigarros (R$
10,3).
O documento do FBSP, ao qual
o Metrópoles teve acesso em primeira mão, foi batizado de
“Follow the products – rastreamento de produtos e enfrentamento ao crime
organizado no Brasil”. O texto apresenta uma análise sobre a atuação de grupos
criminosos em quatro mercados. Na apuração dos pesquisadores, foi verificado
que a infiltração dos criminosos no mercado de combustíveis e lubrificantes
objetiva a lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, roubo, desvio, adulteração de
combustíveis, entre outras práticas ilícitas.
Os pesquisadores utilizaram
várias bases de dados como operações da Polícia Federal (PF), relatórios de
instituições acadêmicas, representações setoriais, institutos de pesquisa,
organizações da sociedade civil e da imprensa, por exemplo, para realizar as
estimativas.
“O total de combustível ilegal no
Brasil em 2022 daria para abastecer toda a frota de veículos do país por três
semanas completas (mais de 500 milhões de carros, considerando um tanque médio
de 50 litros)”, diz trecho do estudo.
Os combustíveis no âmbito do
crime organizado estão associados ainda à existência de postos pirata. São
estruturas descritas no estudo como estabelecimentos que não seguem normas de
segurança e ainda promovem a comercialização de produtos adulterados.
Coordenador do estudo, Nívio
Nascimento explicou que o estudo não fez uma abordagem específica para entender
a razão da expressiva exploração dos combustíveis pelo crime organizado, mas
apresentou suposições para o fato.
“Pensando no tamanho da
indústria, todo mundo precisa de combustível, o aumento do combustível, tem
inflação, não é uma coisa… altamente possível. Eu acredito que a novidade,
talvez, não para dizer assim, agora o crime organizado corrompeu o setor de combustível,
o crime organizado e algumas organizações de facções criminosas começaram a ver
possibilidades neste setor”, afirmou Nascimento em entrevista ao Metrópoles.
Além das ilicitudes associadas ao
comércio de combustíveis e lubrificantes, o fluxo de capitais “abastece
garimpos, acirra o desmatamento e utiliza aviões no transporte de ouro ilegal,
fomentando crimes ambientais vários”.
A atuação do crime organizado em
relação aos combustíveis também resulta em fraudes em operações interestaduais.
Estas são uma tentativa de driblar o fisco e se beneficiar de isenções fiscais
para evitar o pagamento de tributos. A sonegação de impostos pelo crime
organizado no mercado de combustíveis ao todo é estimada em R$ 23 bilhões por
ano.
Como o poder público atua contra
os crimes citados no estudo.
O secretário Nacional de
Segurança Pública, Mario Sarrubbo, disse que o Ministério da Justiça e
Segurança Pública (MJSP) criou um grupo de trabalho específico para coibir a
atuação do crime organizado no mercado de combustíveis e lubrificantes.
“Vamos fomentar operações e ações
integradas com as forças federais e estaduais, cada uma na sua competência, mas
envolvendo todas essas agências para que a gente possa estancar esse movimento,
notadamente, envolvendo a questão do combustível”, afirmou em entrevista
ao Metrópoles.
Sobre a falsificação e a
adulteração de combustíveis, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) respondeu que atua com “inteligência de dados, ações in
loco e parcerias com outros órgãos públicos” para prevenir e combater as irregularidades
no setor de combustíveis.
A Polícia Federal também foi
procurada para informar quais as principais medidas realizadas para o combate
às práticas ilícitas do crime organizado apontadas no estudo, mas não houve
retorno. A Receita Federal pediu mais tempo para o envio de uma resposta. O
espaço segue aberto.
FONTE: Metrópoles

Um estudo do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP) estima que o crime organizado fatura por ano no Brasil
ao menos R$ 146,8 bilhões em mercadorias na economia formalizada. O carro-chefe
dentro deste segmento, entre um grupo de quatro produtos pesquisados, são
os combustíveis. São R$ 61,4 bilhões em uma estimativa que os
pesquisadores qualificam como “conservadora”. Na sequência aparecem os outros
três: bebidas (R$ 56,9 bilhões), ouro (R$ 18,2 bilhões) e tabaco/cigarros (R$
10,3).
O documento do FBSP, ao qual
o Metrópoles teve acesso em primeira mão, foi batizado de
“Follow the products – rastreamento de produtos e enfrentamento ao crime
organizado no Brasil”. O texto apresenta uma análise sobre a atuação de grupos
criminosos em quatro mercados. Na apuração dos pesquisadores, foi verificado
que a infiltração dos criminosos no mercado de combustíveis e lubrificantes
objetiva a lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, roubo, desvio, adulteração de
combustíveis, entre outras práticas ilícitas.
Os pesquisadores utilizaram
várias bases de dados como operações da Polícia Federal (PF), relatórios de
instituições acadêmicas, representações setoriais, institutos de pesquisa,
organizações da sociedade civil e da imprensa, por exemplo, para realizar as
estimativas.
“O total de combustível ilegal no
Brasil em 2022 daria para abastecer toda a frota de veículos do país por três
semanas completas (mais de 500 milhões de carros, considerando um tanque médio
de 50 litros)”, diz trecho do estudo.
Os combustíveis no âmbito do
crime organizado estão associados ainda à existência de postos pirata. São
estruturas descritas no estudo como estabelecimentos que não seguem normas de
segurança e ainda promovem a comercialização de produtos adulterados.
Coordenador do estudo, Nívio
Nascimento explicou que o estudo não fez uma abordagem específica para entender
a razão da expressiva exploração dos combustíveis pelo crime organizado, mas
apresentou suposições para o fato.
“Pensando no tamanho da
indústria, todo mundo precisa de combustível, o aumento do combustível, tem
inflação, não é uma coisa… altamente possível. Eu acredito que a novidade,
talvez, não para dizer assim, agora o crime organizado corrompeu o setor de combustível,
o crime organizado e algumas organizações de facções criminosas começaram a ver
possibilidades neste setor”, afirmou Nascimento em entrevista ao Metrópoles.
Além das ilicitudes associadas ao
comércio de combustíveis e lubrificantes, o fluxo de capitais “abastece
garimpos, acirra o desmatamento e utiliza aviões no transporte de ouro ilegal,
fomentando crimes ambientais vários”.
A atuação do crime organizado em
relação aos combustíveis também resulta em fraudes em operações interestaduais.
Estas são uma tentativa de driblar o fisco e se beneficiar de isenções fiscais
para evitar o pagamento de tributos. A sonegação de impostos pelo crime
organizado no mercado de combustíveis ao todo é estimada em R$ 23 bilhões por
ano.
Como o poder público atua contra
os crimes citados no estudo.
O secretário Nacional de
Segurança Pública, Mario Sarrubbo, disse que o Ministério da Justiça e
Segurança Pública (MJSP) criou um grupo de trabalho específico para coibir a
atuação do crime organizado no mercado de combustíveis e lubrificantes.
“Vamos fomentar operações e ações
integradas com as forças federais e estaduais, cada uma na sua competência, mas
envolvendo todas essas agências para que a gente possa estancar esse movimento,
notadamente, envolvendo a questão do combustível”, afirmou em entrevista
ao Metrópoles.
Sobre a falsificação e a
adulteração de combustíveis, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) respondeu que atua com “inteligência de dados, ações in
loco e parcerias com outros órgãos públicos” para prevenir e combater as irregularidades
no setor de combustíveis.
A Polícia Federal também foi
procurada para informar quais as principais medidas realizadas para o combate
às práticas ilícitas do crime organizado apontadas no estudo, mas não houve
retorno. A Receita Federal pediu mais tempo para o envio de uma resposta. O
espaço segue aberto.
FONTE: Metrópoles