Câmbio favorece preços da nova gestão da Petrobras

 sexta, 28 de maio 2021

Câmbio favorece preços da nova gestão da Petrobras

Há quase quatro semanas sem mexer nos preços do diesel e da gasolina, a nova gestão da Petrobras encontrou, até o momento, um ambiente macroeconômico relativamente tranquilo para lidar com os reajustes dos combustíveis - tema caro tanto a Jair Bolsonaro quanto a investidores que viram com desconfiança a troca do comando da estatal, em meio a queixas do presidente da República sobre os preços da petroleira.

O dólar em queda e o petróleo relativamente estável têm permitido ao novo presidente da empresa, o general Joaquim Silva e Luna, segurar reajustes e, ao mesmo tempo, manter os preços próximos à paridade de importação. A questão é saber até quando será possível conciliar os dois.

Desde que Silva e Luna tomou posse, no dia 19 de abril, o barril do tipo Brent acumula alta de 3,7%. Por outro lado, o dólar contrabalançou esse aumento, ao recuar 5,6% no período. Em quase 40 dias sob nova administração, a estatal só anunciou, no dia 30 de abril, um único ajuste nos preços: queda de 2% no litro da gasolina e do diesel. Desde então, o Brent acumula valorização de 2,95% e o dólar baixa de 1,6%.

Nada que demande, por ora, grandes ajustes no mercado. Segundo a consultoria Stonex, até a manhã de ontem a Petrobras trabalhava pontualmente com ligeiro prêmio que dava espaço para corte de R$ 0,0169 no litro do diesel. No caso da gasolina, por outro lado, havia espaço para aumento de R$ 0,0138 no litro. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), por sua vez, calculava ontem pequena defasagem de 2% para a gasolina e de 3% para o diesel.

Silva e Luna assumiu o comando da Petrobras prometendo reduzir as volatilidades nos reajustes. Segundo uma fonte, a tônica da nova administração tem sido evitar repassar para o mercado doméstico as oscilações internacionais desencadeadas por fatores conjunturais. Um exemplo dessa preocupação, cita, foi o lançamento, este mês, dos novos modelos de contrato de gás natural - com a opção de indexação à referência americana de gás, o Henry Hub, historicamente mais estável que o Brent.

Internamente, a decisão sobre os reajustes é tomada na Petrobras com base num diálogo entre as equipes técnicas das diretorias de comercialização e financeira, que forma o Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp). Pelas regras, cabe ao presidente intervir em casos de impasse.

A Petrobras esclareceu que o Gemp “mantém a mesma composição e a mesma estrutura decisória sobre preços, sendo assessorado pelas mesmas áreas técnicas das diretorias de Marketing e Comercialização e de Finanças que já vinham prestando suporte”.

O Valor apurou que Silva e Luna tem buscado uma interação próxima junto aos diretores nas discussões sobre os preços. A prática de reajustes sem uma periodicidade definida segue mantida. Para ler esta notpicia, clique aqui.

Fonte: Valor Investe